terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Seus diabos e seus deuses.Todos os vivos e os mortos. E você,realmente, está sozinho?"

Não seria estranho me machucar tanto ao tentar me desprender da materialidade da existência ,se a todo vão momento preciso eternizar os instantes que se findam. Nada possui a fluidez das horas, tudo parece não ter fim porque fui "criada" para me dogmatizar através das instituições...A anacronia do meu cérebro e coração não seguem o mesmo ritmo alienante do passar dos segundos...É o segundo, o milésimo do segundo que me espera do outro lado da porta e me coage a sangrar todos os dias ,recriando a cada instante uma imagem borrada do meu verdadeiro eu.

Hurt - Johnny Cash (Legendado)


Para dias nublados e sentimentos cinzas, escolho o Johhny Cash (por sinal dispensa comentários) para começar esse longo dia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lições budistas(1)


A primeira das Quatro Nobres Verdades é conhecida como a Verdade do Sofrimento. [...]
À primeira vista, pode parecer bem depressivo. Ao ouvir ou ler sobre isso muitas pessoas acabam desconsiderando o budismo como algo indevidamente pessimista. “Ah, esses budistas estão sempre reclamando que a vida é miserável. A única maneira de ser feliz é renunciar ao mundo e partir para alguma montanha, meditando o dia todo. Que tédio! Não sou miserável. Minha vida é maravilhosa!”.
É importante, antes de tudo, notar que os ensinamentos budistas não dizem que, para encontrar verdadeira liberdade, as pessoas precisam abandonar suas casas, empregos, carros e qualquer posse material. Como sua história de vida demonstra, o próprio Buda tentou uma vida de extrema austeridade sem encontrar a paz que buscava.
Além disso, não há como negar que, para algumas pessoas, as circunstâncias podem se juntar por um tempo de tal modo que parece impossível uma vida melhor. Já encontrei muitas pessoas que pareciam bem satisfeitas com suas vidas. Se perguntasse como estão, elas responderiam: “Bem!” ou “Ótimo!”. Até, obviamente, ficarem doentes, perderem o emprego ou seus filhos chegarem na adolescência e, de repente, se transformarem de seres afetuosos e alegres em impacientes estranhos mal-humorados que não querem mais nada com os pais.
Então, se eu perguntar como vão as coisas, a resposta muda um pouco: “Estou bem, tirando o fato de que…” ou “Tudo está ótimo, mas…”.
Essa é, talvez, a mensagem essencial da Primeira Nobre Verdade: a vida costuma interromper as coisas, causando mesmo entre os mais contentes surpresas momentâneas. Tais surpresas — junto com experiências mais sutis e menos perceptíveis como as dores que vêm com a velhice ou a frustração de esperar numa fila na padaria ou simplesmente chegar atrasado em um compromisso — podem ser todas compreendidas como manifestações do sofrimento.
No entanto, entendo porque essa perspectiva mais abrangente pode ser difícil de compreender. “Sofrimento”, usado nas traduções da Primeira Nobre Verdade, é um termo carregado. Quando as pessoas leem ou escutam isso tendem a pensar que só se refere a dor extrema ou angústia crônica.
Mas “dukkha”, a palavra usada nos sutras, na verdade é mais próxima de termos de uso comum no mundo moderno como “inquietação”, “mal estar”, “desconforto” e “insatisfação”. [...]
Então, enquanto o sofrimento — ou dukkha — se refere sim a condições extremas, o termo [...] é melhor compreendido como um sentimento constante de que “algo ainda não está perfeito”: que a vida seria melhor caso as circunstâncias fossem diferentes; que seríamos mais felizes se fôssemos mais jovens, magros ou ricos, se estivéssemos em um relacionamento ou então fora dele. A lista de angústias não tem fim.
Dukkha assim abraça todo o raio de condições, desde algo tão simples como uma coceira a experiências mais traumáticas como dor crônica ou doenças fatais. Talvez algum dia a palavra dukkha seja aceita em muitas culturas e línguas diferentes, do mesmo modo que a palavra sânscrita “karma”, nos dando uma compreensão mais ampla da palavra que costuma ser traduzida como “sofrimento”.
Assim como ter um médico que identifique os sintomas é o primeiro passo para tratar uma doença, compreender dukkha como a condição básica da vida é o primeiro passo para se livrar do desconforto e inquietação. Na verdade, para algumas pessoas, apenas ouvir a Primeira Nobre Verdade pode ser uma experiência libertadora em si mesma. Um antigo aluno meu recentemente admitiu que por toda sua infância e adolescência sempre se sentiu alienado de todos ao redor. Eles eram mais espertos que ele, se vestiam melhor, pareciam interagir sem qualquer esforço. Parecia que todas as outras pessoas tinham ganhado um “Manual da Felicidade” ao nascer e esqueceram de dar um a ele.
Mais tarde, quando estudou filosofia oriental na faculdade, se deparou com as Quatro Nobres Verdades, e toda sua percepção começou a mudar. Ele compreendeu que não estava sozinho em seu desconforto. Na verdade, inaptidão e alienação são experiências compartilhadas pelas pessoas há séculos. Ele pôde largar aquela triste história sobre não ter um “Manual da Felicidade” e simplesmente apenas ser exatamente como era.
Não que não houvesse trabalho a ser feito, mas pelo menos ele poderia parar de fingir que pertencia, sendo que na verdade se sentia de outro jeito. Ele pôde começar a trabalhar com seu sentimento básico de inadequação não como um estranho solitário, mas como alguém que tem um traço em comum com o restante da humanidade. Também passou a ter menos chances de ser pego desprevenido quando sentia suas maneiras particulares de sofrimento [...].
Yongey Mingyur Rinpoche (Nepal, 1975 ~)

domingo, 25 de setembro de 2011

"Em todos os tempos os grandes sábios sempre fizeram o mesmo juízo sobre a vida: ela
não vale nada... Sempre e por toda parte se escutou o mesmo tom saindo de suas bocas.
Um tom cheio de dúvidas, cheio de melancolia, cheio de cansaço da vida, um tom
plenamente contrafeito frente a ela. O próprio Sócrates disse ao morrer: ‘viver significa
estar há muito doente’ [...] O próprio Sócrates estava enfastiado da vida. O que isso
demonstra? Para onde isso aponta?” NIETZSCHE

Jesus cristo...como eu queria não ter conhecido a filosofia :~ transes existências e espirituais muito loucos :~

sábado, 24 de setembro de 2011


Eu por vezes concebia o amor, entre casais, como principal alicerce para uma existência saudável. No entanto, depois de viver esses vinte e poucos anos percebe o quanto o amor entre familiares e amigos são um dos mais belos sentimentos que podemos ter. Olho pra minha avó com sua alegria contagiante e recebo seu abraço mais caloroso.Depois encontro-me com minhas amigas e compartilhamos TANTAS coisas e ai sinto com o peito em carne viva outras formas de me dissipar no mundo, outras formas de iluminar meu ser e conquistar a felicidade. Mesmo com tantas mágoas, consigo amar as circunstâncias e pessoas que estão junto a mim. Como eu posso blasfemar contra a vida se as tenho ao meu lado? O amor entre casais é um novo jeito de se descobrir, de ser feliz e não deve ser o centro de sua vida porque você pode perder o sentido de sua existência,você pode limitar as possibilidades de sentir a si mesmo e o mundo. Agora? agora eu me encontro em meio as cores, cheiros,lembranças das pessoas e lugares que amo. Tudo vai compondo a melodia dos meus passos. Descobrir-me e ser forte eis dois objetivos principais na minha vida, nesse momento.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mumford & Sons - The Cave




A Caverna


Está vazio no vale do seu coração,
O sol se levanta devagar enquanto você caminha,
Pra longe de todos os medos
E todos os problemas que você deixou para trás.

A colheita não deixou comida para você comer,
Seu canibal, seu comedor de carne, você vê,
Mas eu tenho visto o mesmo
Eu conheço a vergonha na sua derrota

Mas eu vou me agarrar na esperança,
E eu não vou te deixar sufocar,
No laço ao redor do pescoço,
E eu vou encontrar força na dor,
E vou mudar meus caminhos,
Eu vou saber meu nome quando ele for chamado de novo.

Porque eu tenho outras coisas para preencher meu tempo,
Você pega o que é seu e eu pego o que é meu,
Agora me deixe na verdade
A qual vai refrescar minha mente quebrada.

Então me lace em um poste e bloqueie meus ouvidos,
Eu posso ver viúvas e órfãos através de lágrimas,
Eu conheço meu chamado apesar dos meus defeitos
E apesar dos meus medos crescentes.

Mas eu vou me agarrar na esperança,
E eu não vou te deixar sufocar,
No laço ao redor do pescoço,
E eu vou encontrar força na dor,
E vou mudar meus caminhos,
Eu vou saber meu nome quando ele for chamado de novo.

Então saia de sua caverna andando sobre suas mãos,
E veja o mundo pendurado de cabeça para baixo,
Você pode entender dependência
Quando você conhece as mãos do criador.

Assim faça suas sirenes gritarem,
E cante tudo que você quer,
Eu não vou ouvir o que você tem a dizer.

Porque eu preciso de liberdade agora,
E eu preciso saber como,
Viver minha vida como deve ser.

Mas eu vou me agarrar na esperança,
E eu não vou te deixar sufocar,
No laço ao redor do pescoço,
E eu vou encontrar força na dor,
E vou mudar meus caminhos,
Eu vou saber meu nome quando ele for chamado de novo.

Música linda,banda de Folk rock muito boa...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Há sempre algo de solene na mudança mesmo que aceita"

Perguntam os mais próximos porque me tornei tão contida e por vezes com a expressão triste. Conhecer a si mesmo e lutar contra os seus infernos é a resposta pra tamanha melancolia. Agora prefiro livros e a calma de Frank do que intensas e demoradas conversas. Não consigo deter-me em nenhum assunto e fico até impaciente.No entanto tudo isso é derivado da minha personalidade agoniante e decidida. Passei anos no calabouço do meu ser, trancafiada a uma existência sub-julgada pela visão de mundo de outrem. Esquece minha verdadeira identidade em prol de um destino que nem ao menos pensava em mim. Tudo girava em torno dos anseios, dificuldades, paranoias do outro e a mim só foi dada a solidão e a desconfiança. Agora consigo andar cambaleante pelas ruas, descobrindo-me as duras penas. Tudo está tomando seu rumo certo apesar de tudo. Volto pra minha felicidade contagiante já já. Amo vocês,criaturas lindas do meu caminhar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Marisa Monte - Ainda Bem




"Ainda bem
Que agora encontrei você
Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você
Porque ninguém
Dava nada por mim
Quem dava, eu não tava a fim
Até desacreditei
De mim
O meu coração
Já estava acostumado
Com a solidão
Quem diria que a meu lado
Você iria ficar
Você veio pra ficar
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim
O meu coração
Já estava aposentado
Sem nenhuma ilusão
Tinha sido maltratado
Tudo se transformou
Agora você chegou
Você que me faz feliz
Você que me faz cantar
Assim"

Por que nesses instantes onde o mundo parece cair e as esperanças estão sendo jogadas no lixo, eu me agarro no respeito e amor das pessoas em relação a mim.

sábado, 17 de setembro de 2011

Tarde fria de sábado...

Eu gosto do acaso de nossos passos e do carinho quando você toca minhas mãos e brinca com minhas unhas. Sinto-me leve como uma pluma ao contemplar a felicidade ao seu lado. Pensei que a dor em mim nunca ia cessar e meus infernos iam me afastar do sentimento que criamos ao estarmos juntos. Somos duas crianças inventando um mundo e pintando-o de acordo com os sentimentos surgidos no nosso caminhar. Por vezes algumas lágrimas rolam na face cansada de sofrer mas somos fortes o bastante pra saber que o amanhã existe.  Tudo é dolorido mas eu tenho você pra segurar a minha mão e me abraçar quando eu estou com medo. Obrigada por transformar meu presente em um jardim mais bonito. Obrigada por sossegar minha alma e me dar esperança. O importante agora....é você e nosso presente. O futuro? aprende a duvidar dele...Agora só existe esse instante, nossas horas, nossos perfumes,nossa amizade,nosso carinho!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

eternity fellings


Nas minhas memórias mais lindas, lembro-me de uma menininha que não tinha medo de se aventurar no desconhecido. O outro ,no mundo dela, não poderia machucá-la porque ela estava tão confiante em si mesma que nenhuma natureza cortante (do outro ser) poderia arranhar sua beleza implacável. Sua doçura tinha uma força, jamais vista em um adulto. A menininha descrita, estava em uma rua que dava para o nada e por golpe do acaso fez surgir  uma galinha. Ela ao ver o bichinho não teve medo algum em chegar perto e abraçá-lo com todo carinho. Sua ação foi tão espontânea e linda que  tive vontade de chorar. Você, só você pode entender o quanto pra mim aquele momento foi belo. Apesar de me machucar várias vezes, você sabia como era importante na minha construção pessoal desbravar o mundo e ser forte. Ser forte...é a frase que ecoa muda em meu peito e só possui a imagem da menininha e sua galinha. 

domingo, 11 de setembro de 2011

Existencialista com toda razão, só faz o que manda o seu coração.."

Mamãe diz:"Minha filha cadê  sua fé em Deus? Você acredita só no que ver..." Deve ser minha critica cruel  a  existência material e espiritual ou dessa minha falta de esperança na mudança e no acaso dos dias. Acredito sim, no Deus onipotente e onipresente tal qual me ensinado na catequese.No entanto, não consigo tirar as responsabilidades das ações humanas e jogá-las aos deuses como todas as palavras ditas, como todo trajeto que construímos não fosse obra de nossas escolhas miseráveis. O amor renegado, a luz apagada de nossas mentes, a injustiça,a mágoa,a inveja,o ciúme,a posse como todos os outros sentimentos destruidores são projetados em nossa vida porque não vemos a graça presente no simples fato de existirmos como seres mutantes. A transitoriedade da vida, nos faz sangrar e aprender com esse caminhar tortuoso. A dança obscura dos nossos corações nos levará para mares antes nunca navegados, mas como disse Clarice,"ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas..".Seguimos assim, nos destroçando e remontando nossos pedaços na busca pela felicidade. Essa que advém das nossas escolhas não da graça dos deuses nas nossas vidas. Somos meticulosamente uma obra prima pincelada ao nosso bel prazer.  

domingo, 4 de setembro de 2011

Eu Preciso Aprender a Só Ser





Sabe, gente
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer
Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinha e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder
Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
É só do coração dizer não quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção
Assim como "Eu preciso aprender a ser só"
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser"
* Performance de Maria Bethânia 


Imagem da pintora dos EUA, Margarita Sikorskaia, que me encantou pelas formas de suas mulheres grandes e pela leveza de ser de seus quadros.